Cristovam Buarque: Brasil conquista o 2º lugar nas
olimpíadas do ensino técnico em Londres
Qui, 20 de Outubro de 2011 19:14
O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT – DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores...
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SENADOR CRISTOVAM BUARQUE FALANDO SOBRE A OLIMPIADAS TÉCNICAPROFISSIONAL |
O SR. PRESIDENTE (Aníbal Diniz. Bloco/PT – AC) – Senador Cristovam, preciso interrompê-lo só para prorrogar a sessão por mais uma hora.
O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF) – Não por minha causa daí a uma hora, não é, Senador, não precisa.
O SR. PRESIDENTE (Aníbal Diniz. Bloco/PT – AC) – Para atender a todos os oradores que estão inscritos.
O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF) – Creio que em muito menos posso dizer a razão pela qual estou aqui, Senador.
Todos sabem que este ano vai haver em Londres as Olimpíadas, da mesma maneira que, em 2016, serão no Brasil, mas o que pouca gente sabe, o que chama menos atenção é que, no começo deste mês, na mesma Cidade, onde, em 2012, ocorrerão as Olimpíadas, nessa mesma Cidade de Londres, aconteceu uma olimpíada que reputo talvez não tão deslumbrante, mas, certamente, mais impactante do que as Olimpíadas esportivas, Senador, foram as Olimpíadas do ensino técnico.
Durante diversos dias, na Cidade de Londres, 46 equipes disputaram quem receberia medalha de ouro, de prata, de bronze, mas não por saltar alto, por pular distante, por nadar rápido, e, sim, por ser capaz de ser um bom cozinheiro, um bom costureiro, um bom pedreiro, bom marcerneiro, é a chamada Skills, que procura descobrir quais são os melhores profissionais, estudantes ainda, em cursos técnicos no mundo inteiro. 46 especialidades, cada uma delas com um grupo grande de concorrentes, cada grupo de concorrentes representando um País.
Durante esses dias, foi possível ver torcidas parecidas com aquelas que vemos nas Olimpíadas, para ver quem receberia a medalha de ouro, a medalha de prata, a medalha de bronze, mas com uma diferença... Esses jovens não apenas desempenhavam bem uma atividade, eles demonstravam uma competência para uma atividade profissional. E o que é importante dizer é que nessas olimpíadas o Brasil se destacou como um país que conseguiu chegar em segundo lugar. Dos 28 estudantes que compunham a equipe brasileira, nós tivemos seis medalhas de ouro, três de prata, duas de bronze e 10 certificados de excelência.
Apenas para dizer aqui as medalhas de ouro. Elas foram conquistadas por Wilian Grassiot, que é do Distrito Federal, da cidade de Taguatinga, que ganhou medalha de ouro na categoria Mecânica de Refrigeração; Natã Barbosa, de Santa Catarina, ganhou na categoria Webdesign; Rodrigo Ferreira da Silva, Rio de Janeiro, em Joalheria; Gabriel d’Espíndula, do Paraná, em Eletrônica Industrial; Guilherme Augusto, de São Paulo, em Desenho Mecânico, e uma dupla gaúcha, Maicon Pasin e Cristian Alessi, em Mecatrônica.
O Brasil tirou em segundo lugar. Em primeiro lugar, foi a Coreia, um país que dá tanta importância a isso que todo jovem, que ganha medalha de ouro, recebe US$100 mil do governo de seu país. Não é à toa que a Coreia vem ganhando sistematicamente essas olimpíadas.
Todo jovem que sai dessa olimpíada com a medalha tem emprego garantido. Não apenas leva a medalha para casa e fica se lembrando depois; ele tem um emprego garantido porque demonstrou uma profissão. Eu vim falar aqui, Senador, não por causa das olimpíadas apenas, mas pela importância do ensino técnico no mundo de hoje. O chamado “apagão” de mão de obra que começa a emperrar o avanço brasileiro, por falta de profissionais capazes de desenvolver as atividades que a economia exige, esse “apagão” tem uma dimensão nas universidades: faltam alguns profissionais.
Mas o verdadeiro “apagão”, o mais grave “apagão” que nós temos é na mão de obra de nível técnico médio. É o ensino técnico médio onde se situa o problema mais sério da garantia, não apenas da mão de obra para levar adiante o desenvolvimento brasileiro, mas a garantia de um emprego para continuar a sua vida profissional.
Eu falo isso quase que fazendo um apelo.
Eu falo isso quase que fazendo um apelo para que neste país a gente possa não apenas ser segundo lugar, mas primeiro por muito tempo e não apenas com um pequeno grupo, de 28 estudantes, graças ao SENAI e ao SENAC, porque se não fossem essas duas instituições não teríamos nenhuma medalha.
É triste dizer, mas as nossas escolas técnicas, que são muito boas, não têm enviado alunos para essa competição, e não por culpa das escolas técnicas, mas por falta de um apoio, por falta de uma flexibilidade dessas escolas para que elas possam ter os recursos que lhes permita participar dessas competições. Esse é um ponto.
O outro ponto é porque o Ensino Fundamental deficiente impede um número grande de jovens fazendo bons Ensinos Técnicos. No passado bastava habilidade manual para você ser um bom profissional.
Hoje, para ser um bom profissional, você precisa, além de ser hábil com as mãos, ter conhecimento na cabeça. Veja uma atividade, Senador, em que falta profissional hoje: o profissional que põe azulejo nas paredes. Hoje, em São Paulo, há uma crise na construção civil por falta daqueles que montam o azulejo nas paredes. Pois bem, antigamente você colocava um azulejo simplesmente recebendo o azulejo e sabendo com a mão colocar o cimento. Hoje, você recebe um desenho, você tem de saber como transformar esse desenho na parede com o azulejo. Exige mais do que habilidade, exige saber o que é ângulo reto, o que é ângulo de 30 graus, exige saber regra de 3, exige saber ler as plantas, e isso a gente só consegue se tiver feito um Ensino Fundamental com um mínimo de competência na geometria, na aritmética.
Eu falo do caso dos azulejos, mas isso serve para outras atividades. Um bom cozinheiro hoje dificilmente consegue ter um bom desempenho se não souber ler, como antigamente, em que havia bons cozinheiros sem que soubessem ler. Mas não é só saber ler. Parte dos livros, hoje, de culinária vem em inglês e francês, as receitas já não são escritas em português, mas não é só isso, muitas não são escritas em papel impresso, ele localiza através da rede da Internet receitas do mundo inteiro. E como é que vão ter acesso a essas receitas do mundo inteiro se não souberem navegar no computador e se não souberem ler nos idiomas estrangeiros em que essas receitas chegam? E se não souberem medir, com a sutileza da culinária em gramas e com um refinamento muito grande? Há uma necessidade de uma sintonia fina no uso dos ingredientes.
Não consegue mais ser. Houve um tempo em que era possível. Hoje, um bom cozinheiro exige uma formação mínima no Ensino Fundamental,
isso vale para todas as profissões.
Então, primeiro ponto para que este País seja realmente um País campeão em Ensino Médio e que a gente não passe essa dificuldade que há hoje em conseguir profissionais de nível médio competentes, é preciso investir muito na educação do Ensino Fundamental e, obviamente, continuar esse esforço do Senai, do Senac e das escolas técnicas, ampliando o número delas para que a gente possa ter formação de qualidade diretamente na formação técnica,
Ensino Fundamental e ensino técnico médio. Essa é a condição primeira, mas há mais uma, há mais uma, Senador. É convencer as famílias brasileiras de que hoje o fundamental, o importante, não apenas para construir um país, mas para ter um bom emprego, é ter uma boa profissão num nível técnico.
O Brasil tem a tradição de 350 anos – muito mais do que a metade da nossa história, ¾ da nossa história quase – na escravidão. E, durante a escravidão, os que não são escravos se acostumam a não trabalharem com as mãos. Nós somos viciados na escravidão e criamos o hábito brasileiro de que só merece ser respeitado quem não precisa usar as mãos no trabalho. Por isso, a gente considera que é universidade ou nada. Isso é um erro.
Isso é um erro do ponto de vista do emprego. Isso é um erro do ponto de vista da vocação. Nós estamos fazendo com que uma quantidade imensa de jovens estudem numa universidade sem terem vocação para o estudo. A mudança no mercado vai levar à percepção de que, se o objetivo é o salário, o melhor caminho não é qualquer curso universitário. Poucos cursos universitários hoje garantem um bom emprego, porque alguns dos cursos já têm uma mão de obra excedente ou porque a qualificação ficou deficiente, mas no Ensino Médio a gente consegue emprego garantido.
As classes médias brasileiras precisam perceber que o objetivo deve ser o ensino superior, mas passando primeiro por uma boa formação técnica, uma boa formação técnica que garanta um bom emprego com um bom salário. E, a partir daí, com um bom salário e com um bom emprego, faça com que o jovem que quiser – não que necessite, mas que quiser – por vocação, não por salário, procure um ensino superior, como uma consequência natural da sua vocação, não por uma necessidade de salário satisfatório. Esse salário hoje a gente pode garantir no Ensino Médio com qualidade.
Essas olimpíadas permitiram mostrar isso. E, em função dessas olimpíadas em Londres, o Dr. Robson Andrade, que é o Presidente da Confederação Nacional da Indústria, representando as diversas federações do Brasil, propôs que, no ano 2017 as olimpíadas do ensino médio seja no Brasil.
Eu desejo profundamente que a entidade internacional – como tem COI e Fifa, há uma entidade internacional, a WorldS kills, que coordena as olimpíadas – escolha o Brasil. E sabe por quê? Porque olimpíadas esportivas e Copa do Mundo vêm, Senador Benedito, e passam. Agora, uma olimpíada do ensino técnico, sendo bem divulgada pela mídia, atraindo a atenção da população brasileira, fazendo com que nós torçamos pelos brasileiros que irão disputar medalhas em ofícios profissionais, ficará para sempre. Não será como Copa do Mundo ou como olimpíadas esportivas, que duram quinze dias, três semanas, e terminam. Fica a lembrança. Essa, não!
Dessa ficará a marca de que o ensino técnico é uma categoria a ser respeitada do ponto de vista da qualificação de um profissional, ficará a ideia de que você não precisa ter um título universitário para ser uma pessoa respeitada, bem remunerada e feliz na vida, ficará a ideia de que o Brasil precisa fazer um esforço maior ainda para o ensino médio técnico com qualidade para todos que o desejarem no Brasil.
Nós temos de fazer a dignificação do ensino médio técnico, e essa dignificação virá quando o número de pessoas que desejarem fazer esse curso seja cada vez maior e quando, numa sociedade tão divida, como a brasileira, em uma classe em cima e uma classe embaixo, essa classe de cima perceber a importância do ensino técnico, da valorização do profissional técnico. Aí, a gente vai conseguir a dignificação desse ensino técnico. Por enquanto, ainda é visto com ensino de segunda categoria, como ensino menor.
Nós precisamos mudar isso, e creio que nada mais vai ajudar a mudar isso do que trazer a WorldSkills, como é chamada a olimpíada dos cursos técnicos, para o Brasil.
Espero muito que a Confederação Nacional da Indústria, que o Dr. Robson, que a preside, consiga trazer para cá, em 2017, a olimpíada, para que a gente tenha o efeito demonstração sobre a sociedade brasileira descobrindo a importância de haver um bom ensino técnico, fazendo com que todos os jovens deste País – e não apenas aqueles de camadas mais pobres;e não apenas aqueles de camadas mais pobres, todo jovem deste País descubra que o verdadeiro futuro dele, ali onde o Brasil mais precisa de formação, é na qualificação profissional, no ensino técnico de nível médio.
Eu quis, Senador, trazer esta mensagem não apenas para homenagear aqueles jovens que ganharam medalhas, mas também para despertar, se puder, o Brasil inteiro para a necessidade de uma revolução dupla.
Primeiro, uma revolução no ensino, no sentido de fazer com que as escolas técnicas recebam jovens preparados, com ensino fundamental de qualidade, e que as escolas técnicas sejam as melhores que este País possa ter, em comparação com as outras do mundo. Segundo, uma revolução mental, uma revolução de mentalidade, para pararmos com essa ideia antiga de que temos de ter universidade ou nada e dizermos que, entre universidade ou nada, existe uma coisa nobre, uma coisa útil, uma coisa que permite o sucesso a cada jovem, que é o ensino técnico de qualidade.
Era isso, Sr. Presidente, que eu tinha para dizer, agradecendo o tempo que me concedeu.
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A ASSOCIAÇÃO DOS TÉCNICOS EM POLÍMEROS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, CONGRATULA COM O SENADOR CRISTOVAM BUARQUE, COM O Sr. ROBSON ANDRADE DA CNI, COM A INSTITUIÇÃO QUE PROMOVE O EVENTO E COM TODA A EQUIPE QUE REPRESENTOU O PAÍS, MEDALAHADO OU NÃO, PELO DESEMPENHO E ESFORÇO TANTO NA DIVULGAÇÃO OU PARTICIPAÇÃO, BEM COMO, PELA TENTATIVA DE REALIZAR UM EVENTO, DESSA NATUREZA, NO BRASIL.
OS TÉCNICOS ATUAIS E OS FUTUROS, AGRADECEM.
DOM PAULO DE BEL
EDITOR DA
ASSOCIAÇÃO DOS TÉCNICOS EM POLÍMEROS
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
TRABALHANDO POR VOCÊ
TRAZENDO MAIS CULTURA
E MOSTRANDO OS FATOS.
e-mail para contatos
POLÍMEROS, SUBSTITUINDO O METAL,
VIDRO E CERÂMICA NO MUNDO MODERNO
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